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As coisas que a gente fala

  • Foto do escritor: Cibele Scarpelin
    Cibele Scarpelin
  • 13 de fev. de 2020
  • 2 min de leitura

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"As coisas que a gente fala

Saem da boca da gente

e vão voando, voando

correndo sempre pra frente.

Sejam palavras bonitas

ou sejam palavras feias;

sejam mentira ou verdade

ou sejam verdades meias;

são sempre muito importantes

as coisas que a gente fala"



Acredito que muitas pessoas saibam como funciona uma sessão de análise. Tudo acontece por meio das palavras que o paciente diz ao analista. O paciente fala sobre suas angústias, comenta de sua semana, suas dificuldades, suas dores. Algumas pessoas me questionam, querem saber o que é que muda na vida de alguém ficar falando para o outro ouvir.


"Você não vai passar remédio?", "Você vai ficar aí só ouvindo?", "Você pode me dar um conselho?".


Antes de começar uma análise nós não percebemos como aquilo que dizemos se conecta com o que eu faço. Várias pessoas chegam para começar um tratamento, vão contando a sua história sem perceber o que estão falando.


Algumas situações se repetem. O sujeito que chega para a análise dizendo que está ficando muito bem tomando os remédios que o psiquiatra passou, porém mais tarde na sua fala ele diz que está chorando todos os dias sentindo muita angústia há um tempo. O sujeito que diz não aguentar mais as mesmas relações amorosas se repetindo do mesmo jeito, porém ele vem contando logo depois uma experiência em que repete a mesma situação que estava reclamando a pouco. Outras pessoas que vão fazendo "leis" que valem para todos, mas que no relato ele conta exatamente como descumpriu essa "lei" que todos deveriam seguir.


Fazer análise, se dispor a falar para um outro que irá te ouvir é uma decisão radical de encontro com a responsabilidade por aquilo que se diz. Ao longo de uma análise o sujeito vai se dando conta que ao narrar a sua história ele aprende a ouvir aquilo que ele está falando. Muitas vezes, precisamos contar a mesma história repetidamente até realmente conseguir ouvi-la. O que faz a diferença? A diferente forma de contar a mesma história.



 
 
 

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